quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Da ternura...


Sempre a ternura, que é, também, uma tristeza suave.
Da ternura e do engano...
A cada engano, que me retirou, ainda que por breves momentos, da espera, do vazio e do quase nada...
A cada engano, a cada ver que não eras tu, (como se fosse possível que viesses, fingi-se que se crê...) regresso a mim.
Regresso, pela ternura, a mim.
A cada engano, regresso ao que sou, ao que em mim há de quase nada.
A cada engano, regresso também, ao que sou de alegria,  do riso e sorrisos e dessa ternura alegre, das mãos enlaçadas dos amigos...
A cada engano, mais terno o coração se torna.
Como explicar de que tudo, hoje, é ternura?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Da ternura...

 
Levei-te a casa, mas antes quiseste um passeio à beira de água, à beira de água onde de mãos enlaçadas ficámos a olhar a noite, e o rio à nossa frente. Os teus olhos demoraram-se nas luzes do rio, de barcos? perguntaste, e as nossas mãos continuaram juntas, como se isso fosse tão natural como o barulho do vento.
Levei-te a casa, e deste-me um beijo, veloz e ligeiro... como se isso fosse tão natural como a ternura que há nós. Pudesse o mundo ser olhado, sempre, com os olhos da ternura, como se isso fosse tão natural como as nossas mãos serenas e enlaçadas.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Envelhecendo...

Peder Mork Mønsted- Calm waters
À Beira de Água

                                             Estive sempre sentado nesta pedra
                                            escutando, por assim dizer, o silêncio.
                                            Ou no lago cair um fiozinho de água.
                                            O lago é o tanque daquela idade
                                            em que não tinha o coração
                                            magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
                                            dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
                                            tão feito de privação.) Estou onde
                                            sempre estive: à beira de ser água.
                                           Envelhecendo no rumor da bica
                                           por onde corre apenas o silêncio.