terça-feira, 25 de outubro de 2011

o fundo do ser...

"(... ) o poeta quer ser um redentor, assumir sobre os seus ombros o mal da existência e redescobrir os verdadeiros nomes das coisas, apagados pela linguagem falsa da comunicação. Na rede inextricável de mediações que envolvem o indivíduo, o poeta é uma criatura anómala, que se recusa a fazer toca nas pregas da rede e se debate para a rasgar e atingir assim o fundo do ser, escondido pela rede. Muitas vezes, como no caso de Hölderlin ou Rimbaud, a aventura é mortal, pois para lá da rede não há nada, e o poeta precipita-se nesse nada."

Cláudio Magris, Danúbio

domingo, 23 de outubro de 2011

Sobre a espera...




Sobre a espera...
talvez seja a espera, que deriva ou é a própria esperança, que nos traz a serenidade nos dias que passam.
Estar à tua espera...
É por te ter perdido que espero.
É por teres ido embora que espero.
É sabendo que não voltas, que espero.
(Quem se foi não volta, espero outro alguém que não tu)
Estar à tua espera...

Estar à tua espera sem que saiba quem és.
Esperar que venhas, não sabendo quem és, crendo que se saberá, quando finalmente chegares.

E depois da tua chegada?
Depois da tua chegada, falar-te da demora, da espera, dos desertos e miragens (sim tudo foram miragens...).
Depois da tua chegada, nos teus braços, descansar desta espera quase infinita.
Depois da tua chegada, ouvir-te falar de onde vieste, por onde andaste.
Enquanto se espera, não se vive? vive-se sim. Há sorrisos e risos, há festas e ternuras...
E o desejo que se esquece...

[Esperar é ter esperança, essa " disposição do espírito que induz a esperar que uma coisa se há-de realizar ou suceder". Esperas infinitas...]

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Guarda-chuvas esquecidos...


"Ladislav Novomeský, o maior poeta eslovaco do século XX, fala, numa poesia sua, de um ano esquecido no café como um guarda-chuva velho. Mas as coisas reemergem, e os guarda-chuvas da nossa vida, deixados aqui e ali uma vez ou outra acabam por nos vir de novo ter às mãos"

Cláudio Magris, Danúbio

terça-feira, 4 de outubro de 2011

há tanta vida à nossa espera...


Por vezes parece que há tanta vida à nossa espera... parece dizer-nos isso os fim de tarde de Outono, deste Outono quente, quando a lua se faz presente, antes mesmo de se jantar.
Tanta vida à nossa espera, por que se vive tão pouco, quando se está à espera, na verdade deixámos que a vida nos passe ao lado.
Viesses tu, para que a vida deixasse de me passar ao lado...